Para quem não conhece, Bom dia, Espírito Santo (Good Morning, Holy Spirit) é um
best-seller de Benny Hinn, pregador que se tornou famoso por derrubar as
pessoas. Eu li esse livro na pré-adolescência (tinha uns 12 ou 13 anos), época
em que estava em outra denominação e não conhecia o Espírito Santo, nem tinha
muito senso crítico, então entrei na onda de todo mundo e achei o máximo, mas o
tempo passou e eu nem me lembrava mais dele. Então, há alguns anos,
depois de ter recebido o Espírito Santo e de conhecer a Deus, resolvi reler,
para saber o que acharia agora, depois de ter tido minhas próprias experiências
com Deus. Gastei meu tempo e compartilho aqui a experiência para que você não
precise gastar o seu e possa orientar a quem lhe perguntar a respeito dele.
O que este livro
diz que é? Vamos ler a sinopse:
“Em “Bom Dia, Espírito Santo”,
Hinn apresenta descobertas e verdades que Deus lhe tem ensinado através dos
anos. Você irá adquirir um conhecimento mais profundo da Divindade e como os
membros da Trindade interatuam entre si e conosco. “
Nãããão!!! Não acredite
nessas palavras bonitas. Você não vai descobrir nada, nem adquirir coisa
nenhuma, e já te explico o porquê. Quem Benny Hinn “encontra” é uma
entidade que se faz passar pelo Espírito Santo. A experiência que ele descreve
é 100% emocional e, sinceramente, se alguém me dissesse que passou por aquilo,
eu o encaminharia a uma reunião de libertação, com urgência.
Ele foi a uma
reunião em que viu uma mulher manifestada com o que ela dizia ser o Espírito de
Deus.
O culto só começaria dali a uma
hora. Tirei o casaco, as luvas e as botas. Enquanto relaxava, percebi que
tremia mais que antes. Não conseguia parar. As vibrações percorriam meu
braço e pernas, como se estivesse ligado a uma espécie de máquina. A
experiência era nova para mim. Para ser sincero, sentia medo.
Ele continua
explicando a sensação, mas olha que esquisito:
Enquanto o órgão tocava, eu não
conseguia pensar em outra coisa além do tremor em meu corpo. Não era uma
sensação de “doença”. Não era como se estivesse pegando um resfriado ou
uma virose. Na verdade, quanto mais continuava tanto mais bela parecia.
Afinal de contas,
ele estava com medo, o tremor o incomodava tanto que não conseguia pensar em
outra coisa, mas “quanto mais continuava tanto mais bela parecia”? O que
significa isso? Não vi nada de belo em ter uma tremedeira descontrolada,
incômoda e assustadora, do nada! Sabe o que é isso? A valorização da sensação.
Já entro em detalhes quanto a isso.
Nesse momento, como se saísse do
nada, Kathryn Kuhlman apareceu. Num instante a atmosfera naquele prédio
ficou carregada.
“A atmosfera
naquele prédio ficou carregada”. Mais um que precisa urgentemente de uma sessão
de descarrego.
A evangelista continuou chorando
por um período de mais ou menos dois minutos. Depois jogou a cabeça
para trás. Ali estava ela, a alguns passos de mim, com os olhos
chamejantes. Estava viva.
Desculpe, amigos,
mas tenho que interromper. A linguagem deste livro é totalmente emocional, mais
até do que a do “ACabana”, mas o espírito é bem parecido. Mas veja só por quê. O
espírito que estava nessa mulher (e depois passou para o autor do livro) é
extremamente teatral, performático. Ficou chorando convulsivamente por dois
minutos, depois jogou a cabeça para trás.
Naquele momento ela mostrou
uma ousadia que eu nunca vira em outra pessoa. Apontou com o dedo em
riste, com enorme poder e emoção e até mesmo sofrimento. Se o próprio
diabo estivesse lá, ela o teria derrubado com um simples golpe.
Ousadia, poder,
emoção, sofrimento? Essa foi uma das cenas mais bizarras do livro. Só detalho
aqui porque é a origem de todo o “Ministério” desse indivíduo. Vê-se com
clareza que esse espírito é estranho.
Foi um instante de incrível
dimensão. Ainda soluçando, Kathryn olhou para a audiência e disse em
agonia: – por favor. – Ela pareceu esticar a palavra: – Por fa-a-vo-or,
não entristeçam o Espírito Santo. – Ela suplicava. Se você puder
imaginar uma mãe rogando a um assassino que não mate o seu bebê, terá uma
ideia do quadro. Ela pedia e suplicava.
Note que o autor
evoca a imagem mais emocionalmente tocante o possível. Ele não se importa com o
fato da coisa toda ser completamente desprovida de sentido, ele apenas quer que
você “sinta” e para isso coloca essas frases sentimentais e sensoriais. Agora,
como assim “uma mãe rogando a um assassino que não mate o seu bebê?” Veja que o
Espírito Santo é colocado aqui em uma posição de fragilidade, como um bebê
indefeso, o que contraria completamente o que a Bíblia diz que Ele é.
Ela disse então: – Vocês não
compreendem? Ele é tudo o que eu tenho! Pensei comigo mesmo – Do que
ela está falando? Sua súplica apaixonada continuou, e disse:
– Por favor! Não o magoem. Ele é
tudo o que eu tenho. Não magoem o meu Amado! – Jamais esquecerei
estas palavras. Posso lembrar ainda como sua respiração ofegava ao
pronunciá-las.
Consegue ser mais
dramático, emocionalmente carregado e pretensamente manipulador do que qualquer
um dos livros anteriormente analisados nesta série jamais sonhou em ser. Se
você não conhece o Espírito Santo, um aviso: Ele não é assim. Aqui sou obrigada
a copiar e colar o que já escrevi sobre Ele em outra resenha: “Realmente, não
tem nada a ver com o
Espírito Santo que eu conheço…
Aí me lembro de
quando o Espírito de Deus se apossava de Sansão…a Bíblia diz que ele matou um
leão com suas próprias mãos, lembra? E mil homens com uma queixada de jumento.
”
Quando Paulo
disse “Não entristeçais o Espírito de Deus, no qual fostes selados para o dia
da redenção” (Efésios 4:30) Não disse isso chorando, em agonia, com peninha do
coitadinho do Espírito Santo indefeso. Preste atenção no versículo. É um
alerta: não entristeçam o Espírito Santo, pelo bem de vocês mesmos, ou perderão
a salvação. Nele nós fomos selados para o dia da redenção. “Entristecer” aqui
tem o sentido de luto. Só se está de luto por quem já morreu. Entristecer o
Espírito de Deus é se afastar dEle através do pecado e se aproximar da morte
eterna. Não façam isso, para o seu próprio bem. A coisa é bem mais
racional do que parece.
Ela apontou então seu longo dedo
para mim e disse com grande clareza:
– Ele é mais real do qualquer
coisa neste mundo!
Quando ela olhou para mim e
proferiu essas palavras, algo me agarrou literalmente por dentro. Gritei
dizendo:
– “Eu preciso
conseguir isso”.
Então esse é o
ponto inicial do livro. Sua sede era de ter aquilo que ele viu ali. Descreve
essa reunião mega emocional e irracional, com muita música e oração da mulher
manifestada. Impressionado com a experiência (porque ele “sentiu” várias coisas
durante a reunião e viu milagres), ele chega em casa e diz: “Eu quero ter o que
a Kathryn Kuhlman tem!” Baseado nisso, busca, com toda a força, não o Espírito
Santo da Bíblia, mas o espírito que ele viu manifestado em Kathryn Kuhlman, o
que ele viu naquela reunião, para ter a experiência que ela teve.
Logo em seguida,
começa a tremer, como tremeu na reunião. Depois descreve o que me parece um
choque elétrico. O rapaz foi eletrocutado pela entidade e realmente acredita
que aquilo era o Espírito Santo. Nada do que ele descreve parece o Espírito
Santo que eu conheço. É só uma descarga elétrica emocional que o faz ser um
super-crente que derruba os outros ao jogar seu paletó. O restante do livro por
diversas vezes faz você ter uma vontade sincera de levar o rapaz a uma sessão
de descarrego.
Ao contar sua
história, Benny Hinn te faz crer que ele é um “escolhido”, cuja mãe católica
pediu “Deus, se me deres um menino, eu o devolvo ao Senhor”. Assim, Hinn quer
se mostrar mais do que um Profeta Samuel pós-moderno, um ser especial com
experiências sobrenaturais desde a infância (ele diz ter visto Jesus e após a
visão ficou imóvel e…adivinha? Sentindo choques elétricos! Que espírito é esse
que trabalha com eletrochoque?).
Eu vi Jesus entrar em meu
quarto. Ele usava trajes mais alvos que a neve e um manto vermelho escuro
drapejado sobre a veste. (…) Quando isso aconteceu, eu estava dormindo,
mas de repente uma sensação incrível, que só pode ser descrita como
“elétrica”, tomou conta do meu pequeno corpo. Era como se alguém tivesse
me ligado numa tomada. Senti um formigamento como de agulhas – milhares
delas-percorrendo meu organismo. (…) Quando acordei, a sensação
extraordinária ainda perdurava. Abri os olhos e olhei ao redor, mas o
sentimento intenso e poderoso continuava em meu íntimo. Sentia-me
totalmente paralisado, não podia mover nenhum músculo. Nem uma pestana.
Achava-me completamente congelado ali.
Por algum motivo
as pessoas anseiam por esse tipo de coisa, por “sentir” fisicamente Deus. Minha
teoria é que elas têm tanta dificuldade de crer em Deus, que uma sensação
física é como se trouxesse Deus até o mundo material, é quase uma “prova” de
sua existência. Por isso esse espírito de engano tem tanto espaço. E substitui
o espiritual pelo sensorial/sentimental. E líderes que digam “olha, eu senti
isso, eu senti aquilo, eu vi Jesus, fui arrebatado, vi o céu, vi o
inferno, etc. etc.” tentando passar super santidade acabam ganhando mais do que
admiração do povo sedento.
Isso é normal
entre alguns líderes evangélicos que ao mesmo tempo em que dizem que todos
podem ter acesso a Deus, se colocam como seres especiais que têm contato e
experiências com Deus quem ninguém mais tem. Você vê as palavras
“sentimento”, “torpor”, “me senti”, “chorar” com muita frequência. Para quem
não tem intimidade com Deus, aquele relato emocional convence…mexe com seus
sentimentos, afinal de contas, quer ver Jesus, quer sentir o Espírito
Santo, alguma sensação física que lhe faça ter certeza de que Ele existe! É um
caminho bem mais fácil do que o da fé.
Muitas vezes, quando meus
amigos vinham ver-me, eles começavam a chorar por causa da presença
do Espírito Santo.
Agora me diz: quantas
pessoas cheias do Espírito Santo, que você conhece, fazem seus amigos chorarem
ao se aproximar? Eu te digo quantas conheço: nenhuma. Nem vemos isso na Bíblia.
Note que ao mesmo tempo em que se esforça para parecer “humilde”, e que diz que
você também pode ter aquela “unção”, Benny Hinn faz questão de se colocar em
uma posição tão superior ao restante da humanidade, para
jamais ser questionado.
Infelizmente, as
pessoas têm sido facilmente enganadas pelas emoções, pelas sensações. O
Espírito Santo não é uma sensação, um sentimento ou um amigo imaginário. Se
você se contentar com isso, será para sempre enganado por um espírito que nada
tem de santo, perdendo a oportunidade de ter uma experiência real com o
verdadeiro Espírito Santo, através da fé racional. Se você tentar desenvolver
uma intimidade com Deus através desses esforços emocionais, não conseguirá.
É um livro que eu
considero perigoso para a fé. Primeiro, porque há um espírito ali. Um espírito
enganador. Mistura verdade com mentira, coisas certas com coisas erradas e pode
fazer uma grande confusão na cabeça de quem é sincero. Se quiser ter um
relacionamento íntimo e verdadeiro com o Espírito Santo, busque diretamente
nEle, e não queira ter experiências “como as de fulano”, nem se deslumbre com
pirotecnias espirituais.
Não adianta um
livro que fale coisas lindas a respeito do Espírito Santo se não é do Espírito
Santo que ele está falando. Pode dizer coisas lindas, mas misturadas a outras
que te trarão mais para perto de experiências emocionais e carnais (ou mesmo
demoníacas) do que exatamente espirituais.
É o grande
problema da igreja evangélica atual: a busca por emoções e sensações que não
preparam a ninguém para os problemas que eventualmente irão enfrentar, apenas
abrem espaço para espíritos estranhos. Cristãos emocionais são fracos,
confusos, muitos acabam escravos de medicamentos para depressão e estresse ou
não conseguem perdoar ao serem vítimas de alguma injustiça. Tudo isso porque as
emoções foram alimentadas por tanto tempo que se tornaram a maior força na vida
dessas pessoas e abriram espaço para atuação do mal em suas vidas.
Queimei o livro.
Sim, não tenho coragem de jogar no lixo porque vai que alguém pega e lê? E
antes que alguém me venha com “reter o que é bom”, você vai ler um livro com um
conteúdo antibíblico e reter o que é bom? É como se eu lesse, sei lá, “A Bíblia
de Satanás” e dissesse que vou “reter o que é bom”. Vamos aprender a não
retirar os versículos de seu contexto. Paulo diz: “Não desprezeis as profecias;
julgai todas as coisas, retende o que é bom; abstende-vos de toda forma de mal” (I Tessalonicenses 5:20-22)
Para ler as resenhas arquivadas, Clique aqui. E para ler as recentes, clique aqui.
PS2: Vocês
já perceberam que todos esses livros que estamos analisando na série “Livros
que não são o que parecem” têm as mesmas características? Foco na emoção,
linguagem sentimental e manipuladora e distorções da verdade?
Olá Vanessa, gostaria de lhe agradecer, ao contrária da Gabriela e o Adauto, pois muitas pessoas estão sendo iludidas por espíritos enganadores neste final de tempo, pois vemos muitos "irmaus" se apresentarem com textos e filosofias que dizem ser de Deus, mas na verdade são pessoas pobres de espírito e que precisam de um verdadeiro encontro com Jesus. Muito obrigado por você compartilhar essas questões sobre estes "tais" livros que dizem ser de "Deus", pois isto nos deixa em alerta contra o que a palavra de Deus diz sobre os FALSOS PROFETAS. Grato pela sua ajuda e que Deus te abençoe abundantemente!
ResponderExcluirvejo nas igrejas evangélicas hj coisas que não existiam antigamente, os movimentos chamados pentecostais estão muito parecidos com os movimentos no candomblé, a dança, os giros e etc..
ResponderExcluirEste comentário foi removido por um administrador do blog.
ExcluirObrigado pelo alerta, vou ler o livro com olhar mais crítico, este livro é leitura obrigatória, em curso que estou fazendo.
ExcluirAmigos(as) leitores(as) essa postagem é de autoria de Vanessa Lampert: www.lampertop.com.br
ResponderExcluircomentarios ou criticas a autora se dirijam ao blog dela, Obrigado
Oi Vanessa lendo o seu alerta sobre os falsos livros, o que você me diz do Pastor Leandro Spenst, que leu o livro "Bom dia Espírito Santo" de Benny Hinn e tem um ministério bem parecido com o dele.
ResponderExcluirObrigada, Vitória
A paz do Senhor,meu nome é Marcelo.Faço seminário teológico denominacional há uns 3 anos em uma igreja que carrega em sua origem o nome pentecostal,mas pela banalização do nome,retirou-se esse termo.Igreja essa oriunda do arminianismo de John Wesley,onde saíram dois segmentos de igreja hoje conhecidos como as igrejas metodistas e as igrejas do Nazareno na qual sou um de seus membros.Mas nem sempre foi assim,pois batizei há uns 20 anos em uma igreja pentecostal e pela convivência,não sei cresci no meio do pentecoste,do avivamento,da busca pela unção e pelos dons do Espírito Santo.Consequentemente pela busca de um relacionamento mais profundo,vamos dizer assim,as manifestações dessa unção sempre caminharam juntas comigo.Com a mudança para um ministério mais tradicional,onde o conceito de batismo do Espírito Santo,é viver uma vida de santidade,que seria a 2 obra da graça,essas manifestações se tornaram menos intensas.Pois no seminário tenho aprendido que temos que viver uma vida cristã em equilíbrio,não indo para os extremos.A questão é o seguinte:Na maioria das igrejas tradicionais,pra não dizer todas,voce não vê o Espírito Santo agir,no sentido da unção vim sobre as pessoas,o que foi tão enfatizado dese o dia de pentecostes seguindo por Paulo.São cultos feitos para homens,uma liturgia mecãnica,onde não há o mover do Espírito.Por outro lado,temos pentecostais que manifestam dons,e não vivem uma vida de santidade.Mas o fato é ou a questão é:como viver esse meio termo,se não posso ir para os extremos,digo:as experiências que tenho com o relacionamento com o Senhor espírito santo não podem ser apagadas por um tradicionalismo,onde pessoas saem mais vazias que ao entrar em cultos tradicionais.E não é preciso Dom de Revelação para ratificar isso.Não estou aqui para julgar ou criticar.Deus abençõe a todos.
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