“- Por duas vezes tivemos de dormir na praça, eu, minha mãe, meu irmão e minha irmã. Pouco depois, a pele do meu pai começou a enrugar, como se fossem escamas. Sem exagero, certa vez retiraram aquelas escamas, com uma espátula, e deu para encher um balde. Após isto, ele faleceu, vítima de cancer” - lembra o bispo.
A humilhação da família continuou. Com a morte de José Maria Luíza Panceiro da Silva, a mãe de Romualdo, teve que ir “morar de favor” na casa de parentes.
Ela, que sempre teve vários empregados em casa, só trabalhou como doméstica.
- Aos domingos, minha mãe voltava para casa,
sempre triste. Dizia que não agüentava mais. Com muito
sacrifício, conseguiu montar uma pequena casa, onde
fomos morar, mas perdemos tudo em uma enchente -
lamenta ele.
Como se não bastasse tanto sofrimento, a própria patroa de Maria Luíza fez um trabalho de bruxaria contra ela, que acabou sendo atropelada.
Impossibilitada de dar a devida atenção aos filhos, ela não percebeu que Romualdo estava se envolvendo com o submundo das drogas e da criminalidade, subindo os morros atrás de drogas.
- Consegui arrumar um emprego, mas as dificuldades financeiras continuavam. Eu trabalhava mas não tinha dinheiro para comprar comida, nem para pagar as contas. Na hora do almoço, abria a marmita longe dos colegas, porque tinha vergonha. Muitas vezes só tinha um pouquinho de arroz. Eu comia e continuava com fome. Isso sem contar as vezes em que não tinha nada – lembra ele.
Com o nome “sujo”, ou seja, com o nome no Banco Central e no SPC, Serviço de Proteção ao Crédito, por conta
das dívidas contraídas para comprar cocaína, Romualdo não conseguia empréstimo em nenhuma instituição financeira, não podia passar cheques nem parcelar a compra de alimentos.
Com fome, ele andava pelas ruas, com a sola do sapato furada, procurando qualquer moedinha que pudesse encontrar no chão, para comprar um pão. E ainda sofria a dor de um amor não correspondido.
Continua amanhã ás 10h de Brasília
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