quinta-feira, 11 de junho de 2015

Os quatro altares de Abraão ( Isaías 41.8)

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A vida de Abraão é um exemplo de fé e de crescimento espiritual. E o altar foi uma marca distinta na caminhada de Abraão com Deus. Nosso crescimento espiritual é descrito nas Escrituras como sendo um processo lento e contínuo para que o caráter de Cristo seja moldado em nós. O Salmo 84:7 diz: “Vão indo de força em força…”; Romanos 1.17 diz: “…de fé em fé…”; II Coríntios 3.18 diz:“…somos transformados de glória em glória…”; João 1:16 diz: “Porque todos nós temos recebido … graça sobre graça.”

Um altar é um símbolo nas escrituras de adoração e consagração. Não edificamos um altar para nós mesmos, mas para adorar a Deus, oferecer sacrifícios a Ele e invocar o seu nome. O altar é símbolo de uma vida espiritual, uma vida com Deus. Abraão foi chamado “amigo de Deus”, e, essa comunhão, marcada pela vida de altar, revela a essência do que é a verdadeira vida espiritual, ou seja, ela não consiste na medida de nosso conhecimento e instrução acerca das coisas de Deus, mas no quanto somos “amigos de Deus”, no quanto andamos com Deus, no quanto Deus tem-nos como seus amigos!

A primeira experiência pós-salvação deve ser a consagração – sacrifício, entrega, oferta totalmente destinada ao desfrute de Deus. Altar é lugar de sacrifício. Adoração não deve ser uma opção, que podemos decidir fazer ou não fazer, de acordo com nossos caprichos. A resposta de uma verdadeira adoração está no compromisso com a obediência. É preciso que rendamos completamente à vontade do Senhor, o nosso ego.

Quando entregamos tudo na adoração, oferecemos a Deus os nossos planos, desejos, ambições e vontades. Entregar tudo significa “abrir mão das expectativas de tudo quanto desejamos, a fim de que Deus trabalhe em nós e através de nós. Este ato de adoração glorifica a Deus. “O que me oferece sacrifício de ações de graças, esse me glorificará; e ao que prepara o seu caminho, dar-lhe-ei que veja a salvação de Deus” (Salmos 50.23). Quando derramamos tudo na adoração, ficamos impregnados com a fragrância do perfume.

Durante a vida de fé de Abraão nós constatamos a edificação de quatro altares, erguidos no processo de sua jornada interior de conhecimento de Deus e amizade com Ele. Cada um destes altares aponta para um aspecto da obra da cruz em nossas vidas, ampliando nossa consagração, ou seja, o nosso relacionamento com Deus e nossa verdadeira espiritualidade.


O PRIMEIRO ALTAR FOI EDIFICADO EM SIQUÉM
(Gênesis 12.6, 7).
Siquém significa ombro, que é o lugar de maior força do homem.  Este primeiro altar na vida de Abrão pode ser denominado o “O Altar da Revelação”. Diz o texto bíblico: “Apareceu o Senhor a Abrão… Alí edificou Abrão um altar ao Senhor que lhe aparecera.” (Gênesis 12.7).

Na verdade Deus se apresentou a Abrão.  Adoração e revelação andam juntas. Só podemos adorar o que conhecemos. Jesus disse isso à mulher samaritana (João 4.22).

Uma coisa interessante é ver Deus tomando a iniciativa do relacionamento com o homem. Deus se apresentou a Abrão. Altar de adoração deve fruto de um encontro com Deus.

A fé de Abrão foi ativada pela iniciativa de Deus. A soberania de Deus na salvação é belamente ilustrada no chamado de Abrão. Abrão veio de um lar pagão. Pelo nosso conhecimento, ele não tinha nenhuma qualidade espiritual que atraísse a Deus. Deus, em Sua graça eletiva, escolheu Abrão para segui-lO, enquanto ele ainda estava em seus próprios caminhos. Abrão, como Paulo, e os verdadeiros crentes de todas as épocas, reconheceria que foi Deus Quem o procurou e o salvou, com base na Sua graça.


O SEGUNDO ALTAR FOI EDIFICADO EM BETEL (Gênesis 12.8).

É interessante notar que Abrão edificou um altar entre Ai e Betel Gênesis 12:8, e podemos chamá-lo de altar da separação. Abraão deixou Ai para trás e tinha Betel diante dele.

Betel significava “casa de Deus”. Ai, seu significado era “montão ou ruína”.

Podemos dizer que é a vida de altar, a consagração, permite que a cruz separe-nos do mundo, do amor ao mundo, de “tudo o que há no mundo” ( cobiças, concupiscências e soberba ). A cruz coloca o mundo para trás de nós e mantém viva e clara diante de nós a visão da Casa de Deus (Betel)! E não somente a visão de Betel, mas a cruz operando em nós habilita-nos a participar de Betel, a “sermos edificados casa espiritual, para sermos sacerdócio santo…” I Pedro 2.5.

Deus não pula etapas em nosso relacionamento com Ele. Abrão voltou a Betel depois de passar pelo Egito. O Egito foi o lugar de sua falta de confiança na proteção divina, que o levou a mentir juntamente com sua esposa. Egito da idéia de trevas, talvez por causa da coloração das águas do Nilo. Volta a casa de Deus, lugar onde ouviu as promessas de Deus para sua vida. No Egito tem riqueza, mas não tem altar (Gênesis 12.10-20).

TERCEIRO ALTAR FOI EDIFICADO EM HEBROM  (Gênesis 13.18).

Este altar foi erguido logo após um período de separação entre Abrão e seu sobrinho Ló (Gênesis 13.1-13). Hebrom – Cidade montanhosa de Judá, à 36 km de Jerusalém. Os árabes a chamam de ‘elKhalîl’, “O Amigo. Podemos chamar este altar de “Altar da Comunhão ou da Aliança”. A cruz habilita-nos a ter aquela incessante comunhão com Deus, aquela amizade com Deus, aquela vida de união com Deus ! Como já disse Madame Guyon: “O Senhor se coloca no exato lugar daquilo que Ele põe à morte em nossas vidas”. Já compreendemos isso diante do Senhor ? Ele substitui para adicionar e Ele divide para multiplicar. Quem conhece o Seu coração pode confiar em suas mãos !

Hebrom é o lugar onde Deus reafirma a sua aliança e as suas promessas:

· Depois de um conflito.

· Trazendo consolo e motivação.

· Confirmando a sua promessa de abençoar.

· Levando Abrão a decidir a olhar com os olhos de Deus.

· Altar de aliança, pois este é um dos significados de Hebrom (aliança).


O QUARTO ALTAR NA VIDA DE ABRAÃO FOI ERGUIDO EM MORIÁ (Gênesis 22.1-14).

Esse quarto altar é o da adoração, isso inclui entrega total.

Vemos aqui um homem absolutamente rendido a Deus, a ponto de sacrificar seu único e amado filho, um homem que amava a Deus a ponto de confiar em Seus caminhos, um homem tão sensível à voz de Deus que pôde discernir cada instrução de Deus em cada passo do doloroso processo de sacrifício, um homem que adorou no momento em que oferecia o que tinha de mais precioso!

Sem as marcas da cruz em nossas vidas nós adoramos a nós mesmos, nós consideramos nossas vidas e tudo que temos por demais preciosos para serem oferecidos a Deus.

Neste altar, Deus colocou a parte mais íntima e preciosa de Abraão, o próprio coração de Abraão: Isaque. Deus assim tratou com o ser mais interior de Abraão, e tornou-o um adorador.

Três áreas são afetadas quando nos oferecemos como sacrifício vivo a Deus (Romanos 12.1, 2):

· Afeta a posição – Quando estamos sobre o altar, deve haver mudança de identidade, mudança de autoridade. “Antes de trabalharmos para Deus, precisamos ser trabalhados por Ele”. A ausência de quebrantamento oculta o tesouro escondido no vaso.

· Afeta o uso – A verdadeira vida cristã é uma vida de entrega, renúncia e sacrifício. Deus não nos chama a sacrificar apenas o que possuímos, mas também o que somos. Isso envolve tudo, nosso tempo, conforto e segurança. Aparentemente, o vaso quebrado traz prejuízos, levando alguém a pensar: “Que desperdício!” (Marcos 14.3-9). Quando Deus nos trata no altar, somos afetados em nosso orgulho (desejo de ser algo, desejo de aparecer).

· Afeta a forma – O que sobra no altar depois da oferta? Só cinzas! Não podemos apenas querer ter uma oferta, precisamos ser uma oferta agradável ao Senhor. Certo pensador disse: “Homens sãos, não contundidos, não quebrados, são de pouco uso para Deus”. Lutero dizia: “Deus põe a sua marca em todos quantos o obedecem”. A mudança de forma no sacrifício diz respeito ao nosso estilo de vida. Deus remodela a nossa vida para o cumprimento de seu propósito. Holocausto é uma oferta para o deleite de Deus.

Quando parecia que Abraão ia perder seu filho, Deus provê o cordeiro. Na adoração não perdemos o que damos, pelo contrário, somos restituídos por Deus de maneira surpreendente.

CONCLUSÃO:

Quando chegamos neste estágio, não temos mais nenhum interesse pessoal a servir. Tudo o que importa agora é que Cristo seja engrandecido em nós. No altar Deus nos molda. O nosso caráter é afetado. A cada dia que se passa, Deus dá um novo toque em nossa vida, a fim de reforçar alguma linha do caráter de Cristo em nós.

Deus ainda não terminou conosco. Algumas coisas precisam ser deixadas no altar. O único meio de se descobrir a glória é tendo a disposição de perder ou deixar tudo no altar e submeter-se a soberania de Deus. O papel dos ministérios na Igreja não é o de entreter ou manter os fiéis, mas amadurecê-los.




Pastor Edu Lopes

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